Vocês sabem, correr forte é viciante! Quantas vezes já não saímos de casa para uma rodagem suave, “de boa” e acabamos socando a bota sem querer? Eu sempre tive dificuldade em respeitar o ritmo dos treinos mais leves, admito. Acho que não me machuco por sorte e um pouco porque não tenho uma alimentação inflamada, cheia de açúcar e processados, nem faço restrição calórica – o que prejudica muito a recuperação muscular.
Só que nesta busca por melhores escolhas na vida tenho me questionado sobre o papel da corrida e qual seria o stress ideal, que não me traria problemas à longo prazo, como acontece com muita gente que passa uma vida correndo atrás de resultados e acaba envelhecendo cheia de problemas decorrentes da sobrecarga crônica.
Chamo de stress porque tudo que tira nosso corpo do seu estado de equilíbrio (homeostase) acaba, de certa forma, perturbando. Algumas perturbações são bem-vindas pois nos ajudam a evoluir. No entanto existe sempre um limite de stress e quando passamos dele perturbamos nosso sistema e causamos problemas. Quando temos 20 e poucos anos e o corpo tolera mais “desaforos” esse limite pode ser mais alto, mas a idade vai chegando e precisamos repensar nossas escolhas que outrora deram certo.
Eu amo correr rápido, minhas rodagens são quase todas a 4:50 / 4:40 o que pra mim não é um ritmo que sobe a frequência no limite, mas sei que é forte e me coloquei a pensar por que faço isso. Cheguei à conclusão que faço isso apenas para sentir prazer, para me sentir uma mulher forte e poderosa (sim, correr forte tem esse poder) e talvez para acabar o treino mais rápido. Está sendo um exercício de autoconhecimento que me propus a fazer porque não quero mais agredir tanto meu corpo. Corpo que me carrega, me permite fazer isso que tanto amo que é correr, e sem nunca me machucar...
Olhei meu resumo dos treinos do ano passado aqui no Strava e de repente me ocorreu que posso correr ainda melhor se começar a respeitar mais meu corpo fazendo mais treinos leves e mais treinos fortes, porém estratégicos.. Vocês respeitam os ritmos ou fazem o que dá vontade?
Paula no Strava: https://www.strava.com/athletes/4438020

Foto: BRSK
